sábado, 20 de julho de 2013

     RELATOS SOBRE O BAIRRO 
DE CAJAZEIRAS

Moradora Alzira

A moradora Alzira Alves  de 56  anos, chegou em Cajazeiras no ano de 1984 para residir no Conjunto Fazenda Grande 1 , nesta rua habitava apenas 13 famílias. Alzira é oriunda do bairro do Chame-Chame, ela relatou que como seu pai era funcionário público, para  adquirir  o imóvel do projeto habitacional  ele teve que juntar a renda com  uma das suas filhas para ser contemplado pelo projeto .
Conforme ela informa quando chegou  no bairro não havia infraestrutura nenhuma  em relação a transporte, a locomoção para os áreas centrais da cidade se dava pela estação Eva  que segunda a moradora era um caos. Prestação de serviços, então eram inexistentes  naquela época, para se fazer qualquer coisa era preciso sair de Cajazeiras.
  A moradora  contou que segundo histórias que circulam  no bairro aquela área era local de grandes fazendas e quilombos, mas que ela particularmente não conhece mais a  fundo esses relatos.


Morador Honorato

Segundo o morador Honorato de 57 anos, Cajazeiras fazia parte de um projeto chamado Caji que era um plano de  extensão da cidade para a ala norte, puxando de Castelo Branco até Cajazeiras com o intuito de Chegar a Lauro de Freitas.
Honorato Chegou em Cajazeiras no dia 12 de outubro de 1984, ele residia em Camaçari. Como ficou desempregado, vendeu a casa que tinha em Camaçari e comprou uma chave em Cajazeiras.
O morador conta que quando chegou em Cajazeiras o bairro  era novo, com poucos moradores, mas não tinha nada  só botecos, pequenos comércios que vendia açúcar, feijão, pão, etc. Transporte não tinha, linha telefônica não tinha, só tinha serviços básicos, ruas asfaltadas abertas, esgoto que já veio com o conjunto. Os demais serviços vieram através da luta dos moradores para que Cajazeira tivesse os serviços essências para sobrevivência em um bairro novo.
 Honorato conta que Cajazeiras era fazendas que o governo desapropriou,  por isso só  a alguns anos veio liberar a escritura dessas casas aos moradores, porque o governo  desapropriou e não pagou o valor que os fazendeiros da época pediram. Esses fazendeiros entraram na justiça e ficou sobre judice o que foi se resolvendo aos poucos e liberando as escrituras.
 Conforme o morador relata, o que conta a história é que o bairro de Cajazeiras como outros bairros como Cabula eram  quilombos, falam do quilombo do urubu, área de resistência contra escravidão, localizado dentro do bairro de Cajazeiras.
 Honorato relata que a pedra buraco do tatu era esconderijo de escravos fujões até passarem e serem amparados pelos quilombos. Fugiam pernoitavam na pedra  até chegar aos quilombos para buscar proteção e não mais retornar para os seus donos.
 Honorato informou que a  Fazenda Grande 1  foi construída em 1982 e 83 foi o último conjunto a ser construído  em primeira etapa junto com Cajazeira 10. Tanto que quando chegou para morar a Fazenda Grande 2  em diante não tinha nada  era tudo mato e só foi construído  bem depois, assim como a Boca da Mata.


domingo, 14 de julho de 2013

Fotos


Pedra buraco do Tatu. 
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Fazenda Grande 1 Rua I

 Rótula da Cajazeiras V

Lutas dos movimentos sociais de Cajazeiras.




Referência


Arquivo pessoal/ Naiana Lima









domingo, 30 de junho de 2013

VIDEOS

  REPORTAGEM
                      
        DA EXPANSÃO DA CIDADE AO SURGIMENTO DE
                                       CAJAZEIRAS


 SALVADOR  E SEU DESENVOLVIMENTO

Salvador foi fundada em 1549, por Tomé de Souza para ser cedo do Governo  Geral do Brasil, se tornando  naquele período no maior porto marítimo para chegada de escravos africanos. A escolha da Baia de Todos os Santos para construção da cidade de Salvador se deu por esse local ser  área estratégica  de controle de toda  a extensão do litoral e onde ao mesmo tempo poderia está protegida dos ataques de índios e estrangeiros. As condições naturais que proporcionavam aos navegadores portugueses parada segura para as embarcações, também deram uma grande contribuição para a construção de Salvador nessa localidade.
 A arquitetura de Salvador foi construída aos moldes das cidades portuguesas. No começo a cidade foi dividida em duas partes: a primeira  era onde se concentrava o  centro político administrativo, religioso e algumas residências cujo nome denominado para identificar essa área era cidade alta. E o outro onde havia armazém e ficava ao nível do mar era conhecida como cidade baixa.
 A medida que a  cidade crescia ela foi se desenvolvendo paralelo ao mar devido a sua geografia que condicionava sua forma. No século XIX  a povoação começava na ponta da Baia na Barra, local onde se encontrava o farol  e  a antiga Vila Velha. Começava ai o processo de urbanização  desta localidade  já  ocupada mesmo  antes da fundação de Salvador.
A cidade de Salvador, portanto da início a um processo de povoamento lento fazendo com que ela se expandisse. A população que  começava a povoar  Salvador eram   constituída nesse período por  índios que já vivia aqui , colonos portugueses, agricultores, comerciantes e funcionários do reino e até degredados, vieram para cá também escravos Africanos para ser vendidos.
 Com o  aumento demográfico, da cidade de Salvador foi possível perceber as mudanças na formar de se constituir o município, áreas que antes eram  antigas aldeias de pescadores e fazendas em áreas urbanas  ficaram visadas para expansão da cidade,  a exemplo disso temos a Pituba, que no passado era vilas de pescadores  sendo uma região de orla destinada para  pessoas com maior poder aquisitivo, cabendo aos cidadãos menos favorecidos  ocupar encostas e valas da cidade. As áreas bem  mais afastadas do centro  quando habitadas se constituía  pela existência de fazendas , chácaras e quilombos. O quilombo que era um símbolo de resistência dos povos africanos trazidos para serem escravizados marcou o início do povoamento de diversos bairros populares da atualidade.

SALVADOR SÉC. XX
No século XX Salvador é marcada de forma mais intensa pelo desenvolvimento da cidade, as regiões rurais  passavam nesse fase por um  processo de periferização sócio-espacial da cidade. O miolo da cidade que é a porção central do município  que  antes não era ocupada passa nesse período a ser área de especulação imobiliário. Na década de 50     começa a ocorrer a ocupação desses locais a exemplo disso acontece a construção do aeroporto localizado na periferia. Nessa época  também  é construída  a avenida Aliomar Baleeiro conhecida como estrada Velha do Aeroporto.

SURGIMENTO DE CAJAZEIRAS
Conforme  a necessidade habitacional, no centro geográfico do município existe então uma região que na sua história constata ter sido áreas de grandes fazendas, chácaras, quilombos e pequenas áreas rurais. Diante dessa grande regiões e da necessidade de ofertas de moradia para a população trabalhadora, em 1977 o então governador Roberto Santos escolhe essa localidade para construção de habitação da nova classe trabalhadora surgida na Bahia por volta de 1970 que seriam os operários do petróleo, Pólo petroquímico, CIA,  dentre outros.
 Em 1977 o então governador começa  a desapropriação das terras que cultivavam, laranja, café, mandioca, cana-de-açúcar,  essas fazendas eram conhecidas como Fazenda Jaguaribe de Cima, Fazenda Grande, a Fazenda Cajazeiras, a Fazenda Boa União e a chácara Nogueira e estavam localizada  entre a estrada velha do aeroporto e a BR 324, esse espaço, portanto, daria a efetivação do projeto chamado de Projeto urbanístico integrado de Cajazeiras. A Fazenda Jaguaripe de Cima pertencia ao Corenal Francisco José de Matos Ferreira  Lucena, que foi adquirida em 1858, que  a vendeu para Manuel da Anunciação Torres. Este, através da justiça a transferiu para seu filho Manuel Leocádio de Jesus em 1875.
Apesar do projeto ser apresentado por Roberto Santos e passar ainda pelo governo de Antônio Carlos Magalhães é  no governo de João Durval que é dado o início da construção de Cajazeiras. Na época foram construídas mais de 18 mil habitações populares. Cajazeiras é considerada o maior conjunto habitacional da América Latina atualmente previsivelmente vivem 600 mil pessoas no bairro que é formado pelos seguintes conjuntos: Cajazeiras 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, Fazenda Grande 1, 2, 3 ,4 e a Boca da Mata, além das ocupações e loteamentos.
 O plano para cajazeiras era de  que esse local fosse área apenas de dormida dos trabalhadores, mas esse plano não deu certo porque os moradores desenvolveram afeto pelo local, lutaram por melhorias do bairro. Com esse objetivo de abrigar trabalhadores do Polo petroquímico da região metropolitana,  tendia-se a Cajazeiras a não possuir uma identidade como bairro de contribuição histórica para Salvador. Contudo, os moradores de cajazeiras procuram desmistificar esse pensamento, com  sentimento de procura de identidade do local. Cajazeiras busca hoje construir um discurso de pertencimento a cidade de Salvador mostrando que aquele região foi símbolo de resistência da escravidão.
 Essa localidade registrou várias batalhas pela liberdade do povo negro escravizado na Bahia,  tais como quilombos existente no passado naquele local a exemplo Quilombo do Urubu e do Buraco do Tatu.
 O Quilombo do Urubu, conforme enfatiza Pedreira (1973), formou-se em 1826 nas matas do sítio Cajazeiras. Foi bastante combativo e perseguido, pois corria o boato deque os quilombolas planejavam uma revolução em Salvador. Sob a acusação de protagonizar um ataque a lavradores nas imediações do Cabula, iniciou-se a caçada final a esses guerreiros no final do mesmo ano, e os sobreviventes foram presos no Forte do Mar.
( BARBOSA, p. 51, 2008)
Segundo registro ele se localizava na região de Itapuã,  porém os moradores de cajazeiras defendem sua existência nesse território.
 Hoje o símbolo da resistência negra nessa região é representada pela pedra de Xangô ou Pedra da onça como também é conhecida. Segundo historiadores, os escravos fujões utilizavam a fenda que tem a pedra como passagem, ao mergulhar no rio para o outro lado consegui fugir e ir para costa de Itapuã.






 CONSIDERAÇÕES FINAIS  
Existe ainda hoje a resistência de diversas organizações populares como a Associação de Moradores da Fazenda Grande I  na quadra F que continua a saga na busca de inclusão dos povos subjugados.Essa quadra  foi uma das últimas etapas do projetos Cajazeiras.


REFERÊNCIAS

BARBOSA, Nelma Cristina Silva. Um texto identitário negro : tensões e possibilidades em Cajazeiras, periferia de Salvador (Bahia) / Nelma Cristina Silva Barbosa- Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Comunicação,Salvador, 2009.
 PINHEIRO, Eloísa Petti. Europa, França e Bahia: difusão  e adaptação de modelos urbanos( Paris, Rio e Salvador)/ Eloísa Petti Pinheiro. –Ed. – Salvador: UDUFBA, 2011.
SANTANA, Charles D’ Almeida. Linguagens urbana, memórias da cidade.Vivências e imagens da Salvador de migrantes. Charles D’ Almeida Santana. São Paulo- Annablume, 2009.

SILVA, Cecília luz da. A cidade do Salvador nos seus 454 anos/ Cecília Luz da Silva Salvador: EdUNEB, 2005.