DA EXPANSÃO DA CIDADE AO SURGIMENTO DE
CAJAZEIRAS
SALVADOR
E SEU DESENVOLVIMENTO
Salvador
foi fundada em 1549, por Tomé de Souza para ser cedo do Governo Geral do Brasil, se tornando naquele período no maior porto marítimo para
chegada de escravos africanos. A escolha da Baia de Todos os Santos para construção
da cidade de Salvador se deu por esse local ser
área estratégica de controle de
toda a extensão do litoral e onde ao
mesmo tempo poderia está protegida dos ataques de índios e estrangeiros. As
condições naturais que proporcionavam aos navegadores portugueses parada segura
para as embarcações, também deram uma grande contribuição para a construção de
Salvador nessa localidade.
A arquitetura de Salvador foi construída aos
moldes das cidades portuguesas. No começo a cidade foi dividida em duas partes:
a primeira era onde se concentrava
o centro político administrativo,
religioso e algumas residências cujo nome denominado para identificar essa área
era cidade alta. E o outro onde havia armazém e ficava ao nível do mar era
conhecida como cidade baixa.
A medida que a
cidade crescia ela foi se desenvolvendo paralelo ao mar devido a sua
geografia que condicionava sua forma. No século XIX a povoação começava na ponta da Baia na Barra,
local onde se encontrava o farol e a antiga Vila Velha. Começava ai o processo de
urbanização desta localidade já
ocupada mesmo antes da fundação
de Salvador.
A cidade
de Salvador, portanto da início a um processo de povoamento lento fazendo com
que ela se expandisse. A população que
começava a povoar Salvador
eram constituída nesse período por índios que já vivia aqui , colonos
portugueses, agricultores, comerciantes e funcionários do reino e até
degredados, vieram para cá também escravos Africanos para ser vendidos.
Com o aumento demográfico, da cidade de Salvador foi
possível perceber as mudanças na formar de se constituir o município, áreas que
antes eram antigas aldeias de pescadores
e fazendas em áreas urbanas ficaram visadas
para expansão da cidade, a exemplo disso
temos a Pituba, que no passado era vilas de pescadores sendo uma região de orla destinada para pessoas com maior poder aquisitivo, cabendo
aos cidadãos menos favorecidos ocupar
encostas e valas da cidade. As áreas bem
mais afastadas do centro quando
habitadas se constituía pela existência
de fazendas , chácaras e quilombos. O quilombo que era um símbolo de
resistência dos povos africanos trazidos para serem escravizados marcou o
início do povoamento de diversos bairros populares da atualidade.
SALVADOR SÉC. XX
No
século XX Salvador é marcada de forma mais intensa pelo desenvolvimento da
cidade, as regiões rurais passavam nesse
fase por um processo de periferização sócio-espacial da
cidade. O miolo da cidade que é a porção central do município que antes não era ocupada passa nesse período a
ser área de especulação imobiliário. Na década de 50 começa a ocorrer a ocupação desses locais a
exemplo disso acontece a construção do aeroporto localizado na periferia. Nessa
época também é construída a avenida Aliomar Baleeiro conhecida como
estrada Velha do Aeroporto.
SURGIMENTO DE CAJAZEIRAS
Conforme
a necessidade habitacional, no centro
geográfico do município existe então uma região que na sua história constata
ter sido áreas de grandes fazendas, chácaras, quilombos e pequenas áreas rurais.
Diante dessa grande regiões e da necessidade de ofertas de moradia para a
população trabalhadora, em 1977 o então governador Roberto Santos escolhe essa
localidade para construção de habitação da nova classe trabalhadora surgida na Bahia
por volta de 1970 que seriam os operários do petróleo, Pólo petroquímico,
CIA, dentre outros.
Em 1977 o então governador começa a desapropriação das terras que cultivavam,
laranja, café, mandioca, cana-de-açúcar, essas fazendas eram conhecidas como Fazenda
Jaguaribe de Cima, Fazenda Grande, a Fazenda Cajazeiras, a Fazenda Boa União e
a chácara Nogueira e estavam localizada
entre a estrada velha do aeroporto e a BR 324, esse espaço, portanto,
daria a efetivação do projeto chamado de Projeto urbanístico integrado de Cajazeiras.
A Fazenda Jaguaripe de Cima pertencia ao Corenal Francisco José de Matos
Ferreira Lucena, que foi adquirida em
1858, que a vendeu para Manuel da
Anunciação Torres. Este, através da justiça a transferiu para seu filho Manuel
Leocádio de Jesus em 1875.
Apesar
do projeto ser apresentado por Roberto Santos e passar ainda pelo governo de
Antônio Carlos Magalhães é no governo de
João Durval que é dado o início da construção de Cajazeiras. Na época foram
construídas mais de 18 mil habitações populares. Cajazeiras é considerada o
maior conjunto habitacional da América Latina atualmente previsivelmente vivem
600 mil pessoas no bairro que é formado pelos seguintes conjuntos: Cajazeiras
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, Fazenda Grande 1, 2, 3 ,4 e a Boca
da Mata, além das ocupações e loteamentos.
O plano para cajazeiras era de que esse local fosse área apenas de dormida
dos trabalhadores, mas esse plano não deu certo porque os moradores
desenvolveram afeto pelo local, lutaram por melhorias do bairro. Com esse
objetivo de abrigar trabalhadores do Polo petroquímico da região metropolitana,
tendia-se a Cajazeiras a não possuir uma
identidade como bairro de contribuição histórica para Salvador. Contudo, os
moradores de cajazeiras procuram desmistificar esse pensamento, com sentimento de procura de identidade do local.
Cajazeiras busca hoje construir um discurso de pertencimento a cidade de
Salvador mostrando que aquele região foi símbolo de resistência da escravidão.
Essa localidade registrou várias batalhas pela
liberdade do povo negro escravizado na Bahia,
tais como quilombos existente no passado naquele local a exemplo
Quilombo do Urubu e do Buraco do Tatu.
O Quilombo do Urubu,
conforme enfatiza Pedreira (1973), formou-se em 1826 nas matas do sítio Cajazeiras.
Foi bastante combativo e perseguido, pois corria o boato deque os quilombolas
planejavam uma revolução em Salvador. Sob a acusação de protagonizar um ataque
a lavradores nas imediações do Cabula, iniciou-se a caçada final a esses
guerreiros no final do mesmo ano, e os sobreviventes foram presos no Forte do Mar.
( BARBOSA, p. 51, 2008)
Segundo
registro ele se localizava na região de Itapuã,
porém os moradores de cajazeiras defendem sua existência nesse
território.
Hoje o símbolo da resistência negra nessa
região é representada pela pedra de Xangô ou Pedra da onça como também é
conhecida. Segundo historiadores, os escravos fujões utilizavam a fenda que tem
a pedra como passagem, ao mergulhar no rio para o outro lado consegui fugir e
ir para costa de Itapuã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existe
ainda hoje a resistência de diversas organizações populares como a Associação
de Moradores da Fazenda Grande I na
quadra F que continua a saga na busca de inclusão dos povos subjugados.Essa quadra
foi uma das últimas etapas do projetos Cajazeiras.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Nelma
Cristina Silva. Um texto identitário negro : tensões e possibilidades em
Cajazeiras, periferia de Salvador (Bahia) / Nelma Cristina Silva Barbosa-
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de
Comunicação,Salvador, 2009.
PINHEIRO, Eloísa
Petti. Europa, França e Bahia: difusão e
adaptação de modelos urbanos( Paris, Rio e Salvador)/ Eloísa Petti Pinheiro.
–Ed. – Salvador: UDUFBA, 2011.
SANTANA, Charles D’
Almeida. Linguagens urbana, memórias da cidade.Vivências e imagens da Salvador
de migrantes. Charles D’ Almeida Santana. São Paulo- Annablume, 2009.
SILVA, Cecília luz
da. A cidade do Salvador nos seus 454 anos/ Cecília Luz da Silva Salvador:
EdUNEB, 2005.